[Médico homeopata geral e pediatra, Presidente da Associação Médico-Espírita de Santa Catarina. Articulista espírita, palestrante e autor de diversos livros].
***
Inicialmente, lembramos que anencéfalo, embora seja considerado sem cérebro, na realidade é portador de um segmento cerebral, estando faltantes regiões do cérebro que impossibilitarão sua sobrevivência pós-parto.
A fim de colocarmos a visão espírita sobre este importante problema, exemplificaremos com um caso real.
Usaremos nomes fictícios.
***
JOÃO e MARIA eram casados há 2 anos. A felicidade havia batido à sua porta. Maria estava grávida. Exultantes, procuraram o médico obstetra para as orientações iniciais. Planos mil ambos estabeleceram. Ao longo dos meses, no entanto, foram surpreendidos, através do estudo ultrassonográfico, da triste notícia de que seu bebê era anencéfalo. Ao serem informados, caíram em prantos ao ouvirem a proposta do obstetra lhes oferecendo o abortamento. Posicionaram-se contrários explicando sua visão espírita.
– Trata-se de um ser humano que renasce precisando de muito amor e amparo. Nós estaremos com nosso filho (a) até quando nos for permitido.
– Mas, esta criatura não vai viver além de alguns dias ou semanas na incubadora, disse o obstetra.
– Estamos cientes, mas até lá seremos seus pais.
Guardavam, também, secretamente, a esperança de que houvesse algum equívoco de diagnóstico que lhes proporcionasse um filho saudável.
***
Durante nove meses dialogaram com seu bebê, intra-útero. Disseram quanto o (a) amavam. Realizaram, semanalmente, a reunião do Evangelho no Lar, solicitando aos mentores a proteção e o amparo ao ser que reencarnava.
Chegara o grande momento: Em trabalho de parto, MARIA adentra a maternidade com um misto de esperança e angústia. A criança nasce; o pai, ao ver o filho, sofre profundo impacto emocional, tendo uma crise de lipotimia. O bebê anencéfalo sobrevive, na incubadora com oxigênio, 84 horas. Há um triste retorno ao lar.
Passam-se aproximadamente 2 anos do pranteado evento.
***
JOÃO e MARIA, trabalhadores do instituto de cultura espírita de sua cidade, freqüentavam, na mencionada instituição, reunião mediúnica, quando uma médium, em desdobramento consciente, informa ao coordenador do grupo:
– Há um Espírito de uma criança que deseja comunicar-se.
– Que os médiuns facilitem o transe psicofônico para a atendermos – responde o dirigente.
Após alguns segundos, uma experiente médium dá a comunicação:
– Boa noite, meu nome é SHIRLEY. Venho abraçar papai e mamãe.
– Quem é seu papai e sua mamãe?
– São aqueles dois – disse – apontando JOÃO e MARIA.
– Seja bem vinda SHIRLEY, muita paz! Que tens a dizer?
– Quero agradecer a papai e mamãe todo o amor que me dedicaram durante a gravidez. Sim, eu era aquele anencéfalo.
– Mas você está linda agora.
– Graças às energias de amor recebidas, graças ao Evangelho no Lar, que banharam meu corpo espiritual durante todo aquele tempo.
– Como se operou esta mudança?
– Tive permissão para esta mensagem pelo alcance que a mesma poderá ter a outras pessoas. Eu possuía meu corpo espiritual muito doente, deformado pelo meu passado cheio de equívocos. Fui, durante nove meses, envolvida em luz. Uma verdadeira cromoterapia mental que gradativamente passou a modificar meu corpo astral (perispírito).
Os diálogos que meus pais tiveram comigo foram uma intensa educação pré-natal que muito contribuíram para meu tratamento. Eu expiei, no verdadeiro sentido da palavra. Expiar é como expirar, colocar para fora o que não é bom. Eu drenei as minhas deformidades perispirituais para meu corpo físico e fui me libertando das minhas deformidades. Como meus pais foram generosos. Meu amor por eles será eterno.
– Por que estás na forma de uma criança, já que te expressas tão inteligentemente?
– Por que estou em preparo para o retorno. Dizem meus instrutores que tenho permissão para informar. Meus pais têm o merecimento de saber. Devo renascer como filha deles, normal, talvez no próximo ano.
***
Após dois anos renasceu SHIRLEY, que hoje é uma linda menina de olhos verdes e cabelos castanhos, espírito suave e encantador.
Fraternalmente,
Ricardo Di Bernardi