1 – O centenário do nascimento de Chico Xavier levou a Doutrina Espírita para a mídia, com intensidade inimaginável. Nunca se falou tanto de Espiritismo nos órgãos de comunicação. Como você vê essa exposição em termos de economia para o movimento?
Sem dúvida, algo muito positivo. Sem irreverência, diria que mesmo depois de “morto” Chico continua fazendo pelo movimento espírita mais do que todos os espíritas juntos. O problema é “capitalizar” esse benefício.
2 – O que seria essa “capitalização”?
Fazer repercutir essa exposição na mídia em dinamização do Espiritismo no Brasil, a partir de pessoas que se interessem pelos seus princípios e se integrem no Centro Espírita, a célula básica.
3 – Qual a dificuldade maior nesse sentido?
As limitações das casas espíritas. Um data show, um boletim informativo, uma biblioteca, uma livraria, um clube do livro espírita, palestras bem fundamentadas, serviço de atendimento fraterno e passes magnéticos, cursos de Espiritismo, reuniões mediúnicas com observância dos princípios doutrinários, tudo isso é básico para acolher as pessoas que hoje nos procuram.
4 – Considerando que a maior parte dos Centros Espíritas é de pequeno porte, com poucos colaboradores, não seria exigir demais de seus dirigentes?
Não estamos confundindo efeito com causa? Não será o Centro pequeno por falta de iniciativa dos dirigentes?
5 – A que atribuir essa falta de iniciativa?
Um sacerdote católico estuda no mínimo quinze anos no seminário para ordenar-se; algo semelhante com os pastores protestantes das igrejas tradicionais. Aprendem a falar em público, a administrar a igreja, a motivar os fiéis… No movimento espírita, alguém entusiasma-se com práticas mediúnicas, funda um Centro Espírita, constrói uma sede, não raro com seus próprios recursos, e torna-se presidente vitalício, sem nenhum preparo para o cargo, sem conhecimento doutrinário, sem noções de administração de uma casa espírita. Resultado: estagnação.
6 – Uma escola para dirigentes não desembocaria no profissionalismo religioso, contrário aos princípios doutrinários?
A ideia não é uma escola para dirigentes, mas que os dirigentes frequentem a escola, isto é, que estejam sempre atentos à necessidade do estudo, do aprimoramento de sua atuação, da frequência aos cursos hoje ministrados pelos órgãos de unificação, empenhados em oferecer aos dirigentes a orientação necessária para que realizem um bom trabalho.
7 – O que pode ser feito?
Em primeiro lugar, superar a pretensão da autossuficiência. Geralmente dirigentes assim sentem-se meio “donos da verdade”, recusando-se a admitir suas próprias limitações. Tendem a centralizar tudo em suas mãos, nada fazem e nada deixam fazer, “ancorando” o “barco”. O dirigente deve ser um “leme”, estabelecendo as diretrizes gerais, conforme a orientação doutrinária, e deixando os companheiros navegarem ao influxo de suas iniciativas.
8 – E como transformar o âncora em leme?
Está sendo lançado pela CEAC-Editora, de Bauru, meu livro Por uma vida melhor, onde, a par de algumas reflexões sobre os caminhos que nos levam a uma existência saudável e feliz, e, sem pretender “falar de cátedra”, ofereço aos confrades algumas sugestões para que o Centro Espírita cumpra suas funções de divulgação doutrinária e ajuda aos necessitados de todos os matizes.
O governo brasileiro criou um instrumento perfeito que lhe permite controlar a vida de todos nós e com o seu uso, através de cruzamento de dados feitos por modernos computadores, arrecadar cada vez mais tributos.
Pelo CPF, as pessoas passam a ser um número, que dá ao Fisco condições de avaliar as riquezas que cada um possui. O aumento patrimonial de cada contribuinte é avaliado e conferido pelas informações bancárias, dos registros de imóveis, dos cartões de crédito, dos Detrans, das financeiras, das agências de viagens e turismo, das bolsas de valores e de outros meios. Com isso, o Leão, nome com se chama o monstro arrecadador do imposto de renda, cruza os dados informados por cada um dos declarantes no final de cada ano e tem condições de cobrar dos indefesos portadores do CPF o imposto de renda que determina a Lei. O valor arrecadado teoricamente serviria para o desenvolvimento do país, e aumenta a cada ano. Infelizmente dois grandes fatores impedem que esse objetivo não seja alcançado em toda a sua plenitude: a sonegação da maioria dos contribuintes e o uso criminoso dos valores arrecadados em benefício de governantes sem escrúpulos.
Na teoria, é difícil fugir das garras do leão, e isso só acontece porque a fiscalização ainda não é perfeita e também é influenciada pela corrupção de ambas as partes.
O dia que o governo alcançar uma maneira de aproveitar o progresso da tecnologia e da informática com perfeição, não mais será possível a sonegação existente até hoje.
No plano espiritual também existe um instrumento de controle individual, com a diferença que as informações de cada espírito são armazenadas em arquivos chamados registros akásicos.
Ao contrário do CPF terreno, os registros de cada um de nós não permitem falhas ou sonegações de espécie alguma. Esses registros ajudam a criatura a se desenvolver e a evoluir, utilizando todos os atos bons e maus de cada um, que são ali registrados e que acompanham os espíritos em todas as suas encarnações. Os espíritos superiores se servem desses registros não para punir mas para ajudar a cada um na sua trajetória ascencional rumo à perfeição.
Lá não se pode esconder nada, sonegar informações pessoais ou burlar o semelhante, e Deus permite a cada um de seus filhos ter na própria consciência as linhas mestras desses registros. Dessa forma, ninguém pode alegar ignorância e praticar o mal, pois dentro de si mesmo a pessoa sabe qual o caminho certo a seguir.
Resumindo: Na Terra, o CPF nos controla e nos coage. Na espiritualidade, nossos registros nos impulsionam a crescer e a buscar o caminho do amor, com a aplicação da Lei de Ação e Reação, e cada um vai recebendo de volta aquilo que plantou, aprendendo com esse instrumento maravilhoso a evoluir.
Vós sois a luz do Mundo. Não se pode esconder uma cidade edificada sobre um monte. Nem se acende uma candeia* para colocá-la debaixo do alqueire*, mas no velador*, a iluminar todos os que se encontram na casa. Assim brilhe também a vossa luz diante dos homens, para que vejam as vossas boas obras e glorifiquem vosso Pai que está nos Céus (Mateus, 5:14-16).
– Tenho sério problema com minha esposa. Acha que Espiritismo é coisa do diabo.
– Ela conhece a Doutrina?
– Que nada! Nem se dá ao trabalho de folhear jornais e livros que levo para casa.
– Sugeriu que participe de uma reunião doutrinária para superar a impressão negativa?
– Não admite sequer falar a respeito e acha ruim quando saio. Sou obrigado a dar uma “engrossada” para que respeite meus compromissos.
– Experimente instituir o Culto do Evangelho no Lar. É valiosa oportunidade de trocar idéias em torno das lições de Jesus, harmonizando o ambiente doméstico.
– Conheço minha mulher. Acabaríamos em pancadaria verbal.
– E o relacionamento entre vocês?
– Ela é feminista de carteirinha. Vive a proclamar igualdade de direitos, esperando que eu assuma encargos domésticos. Comigo não! Mulher tem que ser submissa ao marido. Por isso brigamos muito.
– Experimente exercitar cooperação, compreensão e tolerância, como ensina o Espiritismo.
– Aí será demais! Se demonstrar fraqueza ela toma conta.
– É mais provável que com seu exemplo a esposa se convença de que Espiritismo é algo muito bom. Faz de você um verdadeiro cristão. Pense nisso…
* Candeia: Lâmpada rudimentar alimentada por óleo.
* Alqueire: Antigo recipiente que funcionava como medida para secos e molhados.
* Velador: Suporte para fixação da candeia. Candelabro.
SUCESSO DO ALÉM – Obras Ligadas ao Espiritismo Aumenta Procura por Centros Matéria do jornal Folha de São Paulo de 26 de abril de 2010 – Ilustrada.
Onda de Obras Ligadas ao Espiritismo Aumenta Procura por Centros e Ajuda Espíritas e Simpatizantes a “saírem do armário”.
Por Fernanda Mena Laura Mattos, da reportagem local.
O fenômeno de bilheteria do filme “Chico Xavier” e a onda de produções ligadas ao espiritismo, que têm marcado 2010, estão ajudando espíritas brasileiros a “saírem do armário”.
“O discurso de reconhecimento da doutrina e de figuras centrais do espiritismo vai ajudar muita gente a assumir que é espírita”, avalia Célia Arribas, socióloga e pesquisadora da USP, autora do livro “Afinal, Espiritismo É Religião?” (Alameda Editorial), com lançamento previsto para maio. “Usando uma linguagem figurativa, é possível dizer que eles vão sair do armário.”
Para Geraldo Campetti, diretor da Federação Espírita Brasileira (FEB), a difusão da doutrina realizada pelo filme, já visto por mais de 2 milhões de brasileiros, é um marco. “O espiritismo era um, antes de 2010, e será outro, após o final deste ano”, analisa.
“Esse impacto fica visível na crescente demanda por informações que, desde a estreia do filme, tem ocorrido nos centros espíritas de todo o país.”
Junte-se ao sucesso do filme a novela “Escrito nas Estrelas”, da TV Globo, que teve audiência média, nas duas primeiras semanas, superior à de suas antecessoras no horário. Na trama, o protagonista morre e segue o enredo como espírito.
Além disso, até o final do ano, devem ser lançadas uma minissérie na Globo e três filmes em que a vida após a morte ou a mediunidade tem papel principal. Entre eles, chega aos cinemas em setembro o filme “Nosso Lar”, baseado em livro homônimo de Chico Xavier, que já vendeu cerca de 2 milhões de exemplares desde sua primeira edição, em 1944.
Ser ou não ser
O sucesso de obras de temática espírita, no entanto, não pode ser explicado apenas com dados de pesquisas demográficas, que apontam existir no país cerca de 4 milhões de espíritas declarados. Segundo estimativa da FEB, somados praticantes e simpatizantes, esse número deve chegar a 23 milhões de brasileiros. Isso porque espiritismo não é uma religião proselitista. Logo, frequentar um centro espírita é diferente de ser espírita.
“Vou a um centro, mas também sou judia”, diz Sandra Becher, 30, na saída de uma sessão do filme de Daniel Filho.
Hoje, há cerca de 12 mil centros espíritas no país – número que dobrou na última década. Ainda assim, Luís Eduardo Girão, produtor associado de “Chico Xavier”, conta que o filme enfrentou dificuldades de financiamento “porque ainda existe a discriminação”.
Herança dos tempos em que praticar espiritismo era crime, como rezava o primeiro Código Penal do Brasil República, de 1890 – cujos efeitos práticos se estenderam até 1945. A saída encontrada pela elite brasileira, que traduziu a obra de Allan Kardec do francês para o português, foi a produção de uma literatura que introduzisse princípios espíritas numa linguagem romanceada, de maior penetração. Afinal, quem é que não quer saber como é a vida após a morte? Foi a popularização da chamada literatura espírita, estandarte das listas de mais vendidos, que abriu caminho para a boa performance do espiritismo no cinema e na TV.
“Este é um mercado que se tornou promissor economicamente”, explica Sandra Stoll, autora do livro “Espiritismo à Brasileira” (Edusp). “As produções cinematográficas têm apenas capitalizado um público simpatizante e predisposto, que é enorme.”
Centros espíritas são laboratórios de promoção de filmes
Produtores promovem pré-estreias especiais para adeptos da doutrina e estimulam estratégias de divulgação boca a boca.
Pesquisas de opinião com religiosos reorientam roteiros de filmes, em que simpatizantes atuam por trás e diante das câmeras Da reportagem local.
“Bezerra de Menezes – O Diário de Um Espírito”, de 2008, se tornou um exemplo clássico de como obras ligadas ao espiritismo podem se tornar fenômeno de público, especialmente se contarem com o boca a boca dos adeptos da religião.
Projeto de um empresário de turismo de Fortaleza, o longa-metragem não investiu em publicidade e foi exibido em apenas 44 salas de cinema no país – lançamentos grandes costumam chegar a mais de 300.
O filme sobre o médico e político cearense do século 19, chamado de “Allan Kardec brasileiro”, surpreendeu grandes investidores do cinema ao atingir 505 mil espectadores e ter mais de 41 mil DVDs vendidos.
Espírita, Luís Eduardo Girão não se aventurou no cinema sem antes fazer duas apresentações laboratoriais em grandes eventos ligados à religião: o Fórum Espiritual Mundial, no Brasil, e Congresso Espírita Mundial, na Colômbia.
“Com a reação das pessoas, mudamos completamente o projeto e abandonamos a ideia de docudrama”, conta Girão, que criou a produtora Estação Luz Filmes e está filmando outro longa espírita, “As Mães de Chico Xavier”, além de ter se tornado investidor e produtor do filme de Daniel Filho.
Diretor-geral da Sony Pictures no Brasil, distribuidora de “Chico Xavier”, Rodrigo Saturnino conta que a bilheteria recordista foi também consequência de “um trabalho de divulgação com espíritas, como pré-estreias para dirigentes de entidades e divulgação via internet para os centros”.
Silvia Puglia, presidente da Federação Espírita do Estado de São Paulo, conta que houve uma verdadeira corrente entre os centros espíritas para divulgar “Bezerra de Menezes” e “Chico Xavier”. Ela foi convidada para uma das pré-estreias do longa de Daniel Filho dirigidas a entidades espíritas.
Estratégia semelhante será usada pelo longa “Nosso Lar”, baseado em livro de Chico Xavier e coproduzido pela Fox, a ser lançado em setembro.
“Estamos fazendo um trabalho junto aos centros espíritas. Teremos sessões especiais organizadas por essas entidades. Muitas delas já estão nos procurando e vão nos dar um grande suporte. O boca a boca entre espíritas é muito importante”, diz a produtora do filme, Iafa Britz, que tem no currículo os sucessos de bilheteria “Se Eu Fosse Você 1 e 2”.
Britz é judia e espírita. Já o diretor, Wagner de Assis, é católico e espírita. “Nós costumamos fazer obras com as quais nos identificamos”, conta a produtora.
Esse é também o caso de outro novo diretor de obras espíritas. Tomy Blazic dirigirá “Ninguém É de Ninguém”, baseado em livro da autora de best-sellers espíritas Zíbia Gasparetto. “As pessoas têm curiosidade de entender como o outro lado é”. Girão completa: “O gênero veio para ficar”. Reportagem de Laura Mattos e Fernanda Mena.
Acidente na Globo Torna Ator Espírita
Após acidente na Globo, Carlos Vereza se converteu ao espiritismo.
Intérprete de Bezerra de Menezes no cinema e de um espírito na atual novela das seis da Globo, Carlos Vereza, 69, é espírita desde 1990. À Folha, contou ter procurado um centro espírita após sofrer acidente de trabalho na Globo que o levou a ter labirintite e depressão. Leia entrevista com ele:
O ator Carlos Vereza, 69, recebeu apenas cachê simbólico para interpretar o protagonista do filme “Bezerra de Menezes – O Diário de Um Espírito”. Espírita desde 1990, ele também está feliz com o papel do espírito de luz Athael na novela das seis da Globo, “Escrito nas Estrelas”. Em entrevista à Folha, o ator contou ter se convertido ao espiritismo após sofrer um acidente de trabalho na Globo.
“Eu não tinha nenhuma religião. Sempre acreditei em Deus, mas esse mundo era distante. Você chega ao espiritismo pelo amor, pela dor ou razão. Eu sofri um acidente de trabalho na Globo, um tiro, um efeito especial mal feito. Colocam pólvora no local e acionaram por um controle remoto. Era um seriado medíocre chamado Delegacia de Mulheres”, lembrou.
Vereza conta que seu ouvido interno foi atingido. “Fiquei com labirintite e tive que parar de trabalhar, o que me levou à depressão. Os médicos diziam que não tinha como resolver. Fui internado em várias clínicas. Procurei o centro Frei Luiz, indicado por uma tia católica que me disse que um primo havia sido curado lá de leucemia. Em sete meses, eles me curaram”, disse.
Depois disso, Vereza se tornou médium e é voluntário no centro até hoje. Ele acredita que o sucesso do filme “Bezerra de Menezes”, visto por mais de meio milhão de pessoas, abriu uma “corrente de obras espiritualistas”. “Se está tendo sucesso, e isso é lei de mercado, é porque as pessoas estão precisando. Os produtores fazem pesquisas e começam a perceber que o público precisa de um pouco de paz, de uma respiração”.
Sobre a novela, cujo protagonista morre no primeiro capítulo e segue como espírito na trama, Vereza disse que, até onde leu o roteiro, “está absolutamente fiel à doutrina espírita”.
Comentário
Ao final, não se aplaude o filme, mas a memória do médium Chico Xavier. Por Nina Lemos, colunista da Folha.
Na entrada da sala, cerca de 200 pessoas esperam agitadas. “Aqui é a fila do Chico Xavier?”.
A pergunta é feita a cada cinco minutos. Parece que vamos, de fato, encontrar o famoso médium para pedir um passe, uma carta psicografada. A cena ocorre num domingo no Shopping Frei Caneca, São Paulo.
Grupinhos de senhoras vestindo moletom chegam agitadas. A frequência do shopping, famoso por ser point gay, é alterada graças à magia do espiritismo. Meninos abraçados convivem em harmonia com senhoras em cadeiras de rodas conduzidas por suas filhas. Prova de que Chico Xavier, além de lotar cinemas, produziu o milagre da tolerância… O clima de centro espírita é reforçado pelas conversas na fila. Com ar de expectativa, os cinéfilos-espíritas falam sobre coisas do além. “Você já viu no Youtube a cena da morte dele, é chocante, aparece uma luz”, conta às amigas a dona de casa Valéria Pizzutti, 48, kardecista.
As conversas sobre as coisas que acontecem “do lado de lá” contagiam até quem não é espírita de carteirinha. “A gente sempre tem curiosidade sobre as coisas sem explicação, sou meio mística”, diz a cabeleireira Josefa dos Santos, 40.
Não estamos entrando para uma exibição comum, mas numa espécie de sessão espírita.
O clima de culto aumenta na sala de cinema lotada. Quando Chico Xavier reza, as pessoas rezam baixinho. Em outros momentos, sussurram músicas religiosas. A plateia vibra em cada cena engraçada. Mas, mais que isso, se acaba de chorar. De verdade. Na cadeira ao lado, uma senhora está aos prantos. Quando o espetáculo acaba, ele é aplaudido entusiasticamente. Não, não estamos aclamando o filme, mas sim Chico Xavier, e a possibilidade de ter explicação para aquelas coisas que acontecem “do outro lado”.
“Que coisa mais linda! Falaram que em toda sessão é assim”, comenta a vizinha de cadeira com sua amiga.
Na saída, o clima de alegre expectativa muda. Todos estão em silêncio. Respeitosos. Impossível não comparar isso com a saída de uma missa. Ou de um culto em um centro espírita de verdade. Mas, no fundo, não foi isso que aconteceu na sala de cinema do shopping?
Saibamos aceitar os desígnios Divinos, em qualquer momento de nossas vidas.
Nem sempre são flores e também nem tudo são só espinhos!
Nossas vidas são permeadas por momentos que nós mesmos construímos e muitas das grandes passagens e acontecimentos nós mesmos é que pedimos. Não duvidemos desta certeza já que não há outra resposta para circunstâncias que passamos e não encontramos o devido aclaramento sob os olhos do mundo material.
Virá um dia em que tudo isto se converterá em certeza, mas, enquanto isto não ocorre, necessitamos de serenar nossos corações e nossos pensamentos, elevar ao alto nossos melhores votos e entregar nossos desígnios ao Criador. Só Ele, ninguém mais, é que tem conhecimento de nossos compromissos e de nossas responsabilidades e poderá nos orientar, em qualquer momento de nossas existências.
Aqui estamos vivendo experiências materiais e procedendo ao consertamento de nossas almas. O aprimoramento constante requer de nós as melhores ações e por maior e mais eficazes que sejam, nem sempre atingimos os nossos objetivos. Em grande parte ficamos aquém das nossas responsabilidades; estacionamos e deixamos de fazer “todas” as lições que nos cabem.
Nesta trajetória imperfeita, inferiores que somos, não conseguimos eliminar e nem superar nossas adversidades, alcançando noutras vezes mais débitos por invigilância e desregramentos.
Nossa existência, porém, é muito mais permeada por momentos bons do que aqueles que consideramos “maus”. Esses, aos olhos comuns, assim são tratados, mas são eles que contêm os maiores chamamentos e que nos deixarão os maiores ensinamentos.
Quando somos visitados em nossos lares por perdas inesperadas devemos abrir o coração, deixar de lar a lamúria e ter “fé” no Criador, confiando nEle, pois será este o grande estágio que necessitamos passar para superar os obstáculos que atravancam nossa jornada.
Quanto antes nos entregarmos ao Pai, orando a Jesus, nessas horas, mais cedo nossa vida entrará em conserto com o Mundo Maior e passaremos a ser merecedores das dádivas que nos são destinadas, como compensação por tudo que vivenciamos.
Jamais podemos nos entregar ao desanimo. Nada conseguiremos com tal conduta; só atrasaremos nosso reacerto e os melhores propósitos que nos esperam.
Inexiste o acaso nestes momentos e em quaisquer outros. Tudo é consertamento na obra de cada um e dentro da Vida Maior.
Saibamos aceitar os desígnios Divinos, a qualquer momento, e cerrar fileiras no bem, em busca de melhores momentos para que nossas vidas sejam coroadas de êxito.
Tarefa individual é obra de cada um na busca de dias melhores, seguindo para o progresso.
Jesus seja o guia e o amigo nestas horas.
Força e fé, que tudo se transformará para o nosso bem.
Confiemos e lutemos.
ALEXANDRE DE JESUS
Mensagem psicografada pelo médium Vicente Benedito Batagello, no C.E. Luz e Fraternidade (Casa da Sopa Emilia Santos) , Araçatuba, SP, na noite do dia 03/05/2010
(Texto recebido em email de Vicente Benedito Batagello)
Conta-se que a mãe de São Pedro era extremamente zelosa de seus haveres. Vivia, digamos com o devido respeito, comprometida com a sovinice.
Embora se trate de um pecado capital, desses passíveis de remeter o indigitado para as caldeiras do pedro-botelho, foi piedosamente encaminhada a ameno estágio no purgatório, talvez por deferência ao seu ilustre filho.
Não obstante, o santo sofria com a situação.
Precursor do jeitinho brasileiro, apelou para Jesus, pedindo-lhe que a transferisse para o “andar de cima”. O Mestre dispôs-se a atender, mas era preciso cumprir básico requisito:
Descobrir se alguma vez, ainda que remotamente, ela “emprestara a Deus”. Traduzindo: Exercitara a fraternidade? Doara algo a alguém, ao longo da existência?
O apóstolo deu tratos à bola, na ingrata tarefa de descobrir um gesto de legítimo desprendimento por parte da querida genitora, de índole boa, mas relutante em “abrir a mão”, quando solicitada.
Espremendo os miolos, lembrou-se.
Certa feita, ajudara uma vizinha. Dera-lhe um ramo de salsa.
Era muito pouco, mas, com sua infinita generosidade, Jesus deu-se por satisfeito. Recomendou:
– Estenda-lhe esse raminho. Que ela se agarre nele.
Animado, o apóstolo cumpriu a orientação.
A matrona começou a subir…Ocorre que a planta era frágil.
Já às portas celestes, administradas pelo filho, rompeu-se a salsa, deixando-a nas adjacências.
Diria o poeta:
Livrou-se do purgatório,
Mas o Céu não alcançou,
A flutuar no espaço ficou.
***
A história inspirou um adágio popular.
Quando alguém se sente desarvorado, sem ponto de apoio, sem direção, diz-se:
Está como a mãe de São Pedro.
Pessoas assim, longe de constituir exceção, representam a maioria.
Muitos querem o céu interior – paz, saúde, alegria…Concebem conquistá-lo integrando-se em atividades religiosas, envolvendo ritos e rezas, ofícios e oficiantes.
Ocorre que esses liames com o Céu são frágeis como um ramo de salsa. Não resistem às agruras da Terra, com seu cortejo de dores e problemas.
É preciso usar material mais consistente, a partir da disposição em aderir plenamente aos princípios de sua crença, ultrapassando a débil superficialidade. Participar mais assiduamente, colaborar mais ativamente, trabalhar mais intensamente em favor da própria renovação.
Vacilam, porque isso tudo implicaria na renúncia ao imediatismo terrestre, às tendências egocêntricas, aos prazeres sensoriais, às experiências passionais e, sobretudo, ao comodismo e à indiferença que marcam o comportamento humano.
Por isso, pairam sem rumo e sem estabilidade. Rompendo-se facilmente as frágeis convicções a que se agarram, flutuam na incerteza, perdidos na vacuidade existencial.
***
Para atingir os páramos celestes, recôndita região na intimidade da consciência, onde encontramos as benesses divinas, é preciso muito mais.
Fundamental eleger o espírito de serviço como inspiração de nossas vidas, a partir da regra áurea ensinada por Jesus (Mateus, 7:12):
Tudo o que quiserdes que o próximo vos faça, fazei-o assim também a ele.
Então, sustentados por asas de virtude e merecimento, não haverá problemas.
Kardec, enquanto recebes as homenagens do mundo, pedimos vênia para associar nosso preito singelo de amor aos cânticos de reconhecimento que te exaltam a obra gigantesca nos domínios da libertação espiritual.
Não nos referimos aqui ao professor emérito que foste, mas ao discípulo de JESUS que possibilitou o levantamento das bases do Espiritismo Cristão, cuja estrutura desafia a passagem do tempo.
Falem outros dos títulos de cultura que te exornavam a personalidade, do prestígio que desfrutavas na esfera da inteligência, do brilho de tua presença nos fastos sociais, da glória que te ilustrava o nome, de vez que todas as referências à tua dignidade pessoal nunca dirão integralmente o exato valor de teus créditos humanos.
Reportar-nos-emos ao amigo fiel do Cristo e da Humanidade, em agradecimento pela coragem e abnegação com que te esqueceste para entregar ao mundo a mensagem da Espiritualidade Superior. E, rememorando o clima de inquietações e dificuldades, em que, a fim de reacender a luz do Evangelho, superaste injúria e sarcasmo, perseguição e calúnia, desejamos expressar-te o carinho e a gratidão de quantos edificaste para a fé na imortalidade e na sabedoria da vida.
O Senhor te engrandeça por todos aqueles que emancipaste das trevas e te faça bendito pelos que se renovaram perante o destino à força de teu verbo e de teu exemplo!…
Diante de ti, enfileiram-se, agradecidos e reverentes, os que arrebataste à loucura e ao suicídio com o facho da esperança; os que arrancaste ao labirinto da obsessão com o esclarecimento salvador; os pais desditosos que se viram atormentados por filhos insensíveis e delinqüentes, e os filhos agoniados que se encontraram na vala da frustração e do abandono pela irresponsabilidade dos pais em desequilíbrio e que foram reajustados por teus ensinamentos, em torno da reencarnação; os que renasceram em dolorosos conflitos da alma e se reconheceram, por isso, esmagados de angústia nas brenhas da provação, e os quais livraste da demência, apontando-lhes as vidas sucessivas; os que se acharam arrasados de pranto, tateando a lousa na procura dos entes queridos que a morte lhes furtou dos braços ansiosos, e aos quais abriste os horizontes da sobrevivência, insuflando-lhes renovação e paz, na contemplação do futuro; os que soergueste do chão pantanoso do tédio e do desalento, conferindo-lhes, de novo, o anseio de trabalhar e a alegria de viver; os que aprenderam contigo o perdão das ofensas e abençoaram, em prece, aqueles mesmos companheiros da Humanidade que lhes apunhalaram o espírito, a golpes de insulto e de ingratidão; os que te ouviram a palavra fraterna e aceitaram com humildade a injúria e a dor por instrumentos de redenção; e os que desencarnaram incompreendidos ou acusados sem crime, abraçando-te as páginas consoladoras que molharam com as próprias lágrimas…
Todos nós, os que levantaste do pó da inutilidade ou do fel do desencanto para as bênçãos da vida, estamos também diante de ti!… E, identificando-nos na condição dos teus mais apagados admiradores e como os últimos dos teus mais pobres amigos, comovidamente, em tua festa, nós te rogamos permissão para dizer: Kardec, obrigado!…
“O Espiritismo vem, na época predita, cumprir a promessa do Cristo; preside ao seu advento o Espírito da Verdade (…)
“Se me amais, guardai os meus mandamentos; e eu rogarei ao Pai e ele vos enviará outro Consolador, a fim de que fique eternamente convosco; O Espírito da Verdade, que o mundo não pode receber, porque não O vê e absolutamente não O conhece. Mas, quanto a vós, conhece-lO-eis, porque ficará convosco e estará em vós. Porém, o Consolador, que é o Santo Espírito, que meu Pai enviará em meu nome, vos ensinará todas as coisas e vos fará recordar tudo o que vos tenho dito.” João, cap. XIV- v. 15 a 17 e 26)”
“O Livro dos Espíritos” é a base do edifício da Doutrina Espírita. Com o seu advento cumpre-se na Terra a promessa evangélica do Consolador, do Paracleto ou Espírito da Verdade.
Ele foi lançado em Paris, França, em 1a. edição, a 18 de abril de 1857, sob o título de “LE LIVRE DES ESPRITS”.
Inicialmente com 501 perguntas, tomou o aspecto definitivo com que atualmente o vemos, com 1019 questões, em sua 2a. edição publicada em 18 de março de 1860. (Obs.: Em realidade são 1018 questões).
“O Livro dos Espíritos” é “o código de uma nova fase da evolução humana”. Ele não é um livro qualquer, que a gente lê às pressas e esquece numa estante. Temos o dever de estudar suas páginas constantemente, e meditar sobre elas. Constitui-se na pedra fundamental do Espiritismo. A Doutrina Espírita surgiu com este livro. Ele contem os princípios da Doutrina Espírita. Antes dele nem existiam as palavras Espiritismo e espírita, que foram criadas por Allan Kardec, sob a orientação do Espírito da Verdade. Os fatos espíritas, os fenômenos, eram interpretados das mais diversas maneiras, mas após Kardec o ter lançado à publicidade, sempre sob a orientação dos Espíritos Superiores, “uma nova luz brilhou nos horizontes mentais do mundo”.
“Cada fase da evolução humana se encerra com uma síntese conceptual de todas as suas realizações. A Bíblia é a síntese da Antigüidade, como o Evangelho é a síntese do mundo greco-romano-judaico, e “O Livro dos Espíritos” a do mundo moderno. Mas cada síntese não traz em si tão-somente os resultados da evolução realizada, porque encerra também os germens do futuro. E na síntese evangélica temos de considerar, sobretudo, a presença do Messias, como uma intervenção direta do Alto para a reorientação do pensamento terreno. É graças a essa intervenção que os princípios evangélicos passam diretamente, sem necessidade de readaptações ou modificações, em sua pureza primitiva, para as páginas deste livro, como as vigas mestras da edificação da nova era”.
“”O Livro dos Espíritos” não é, porém, apenas, a pedra fundamental ou o marco inicial da nova codificação. Porque é o seu próprio delineamento, o seu núcleo central e ao mesmo tempo o arcabouço geral da doutrina. Examinando-o, em relação as demais obras de Kardec, que completam a codificação, verificamos que todas essas obras partem do seu conteúdo. Podemos definir as várias zonas do texto correspondentes a cada uma delas”.
“Assim como, na Bíblia, há o núcleo central do Pentateuco, e no Evangelho o do ensino moral do Cristo, em “O Livro dos Espíritos” podemos encontrar uma parte que se refere a ele mesmo, ao seu próprio conteúdo: é o constante dos Livros I e II, até o capítulo quinto. Este núcleo representa, dentro da esquematização geral da codificação, que encontramos no livro, a parte que a ele corresponde. Quanto aos demais, verificamos o seguinte:
1o.) “O Livro dos Médiuns”, seqüência natural deste livro, que trata essencialmente da parte experimental da doutrina, tem a sua fonte no Livro II, a partir do capítulo sexto até o final. Toda a matéria contida nessa parte é reorganizada e ampliada naquele livro, principalmente a referente ao capítulo nono: “Intervenção dos Espíritos no mundo corpóreo”.
2o.) “O Evangelho Segundo o Espiritismo” é uma decorrência natural do Livro III, em que são estudadas as leis morais, tratando-se especialmente da aplicação dos princípios da moral evangélica, bem como dos problemas religiosos da adoração, da prece e da prática da caridade. Nessa parte o leitor encontrará, inclusive, as primeiras formas de “Instruções dos Espíritos”, comuns àquele livro, com a transcrição de comunicações por extenso e assinadas, sobre questões evangélicas.
3o) “O Céu e o Inferno” decorre do Livro IV, “Esperanças e Consolações”, em que são estudados os problemas referentes às penas e aos gozos terrenos e futuros, inclusive com a discussão do dogma das penas eternas e a análise de outros dogmas, como o da ressurreição da carne, e os do paraíso, inferno e purgatório.
4o) “A Gênese, os milagres e as predições”, relaciona-se aos capítulos II, III, e IV do Livro I, e capítulo IX, X e XI do Livro II, assim como as partes dos capítulos do Livro III que tratam dos problemas genésicos e da evolução física da Terra. Por seu sentido amplo, que abrange ao mesmo tempo as questões da formação e do desenvolvimento do globo terreno, e as referentes a passagens evangélicas e escriturísticas, esse livro da codificação se ramifica de maneira mais difusa que os outros, na estrutura da obra-mater.
5o) Os pequenos livros introdutórios ao estudo da doutrina, “O Principiante Espírita”e “O que é o Espiritismo”, que não se incluem propriamente na codificação, também eles estão diretamente relacionados com “O Livro dos Espíritos”, decorrendo da “Introdução” e dos “Prolegômenos””.
“A codificação se apresenta, pois, como um todo homogêneo e conseqüente. À luz desse estudo, caem por terra as tentativas de separar um ou outro livro do bloco da Codificação, como possível expressão de uma forma diferente de pensamento. E note-se que as ligações aqui assinaladas, de maneira apenas formal, podem e devem ser esclarecidas em profundidade, por um estudo minucioso do conteúdo das diversas partes de “O Livros dos Espíritos”, em confronto com os demais livros. Esse estudo exigiria, também, uma análise dos textos primitivos, como a primeira edição deste livro e a primeira de “O Livro dos Médiuns” e de “O Evangelho”, pois, como se sabe, todas essas obras foram ampliadas por Kardec depois de suas primeiras edições, sempre sob assistência e orientação dos Espíritos”.
“Num estudo mais amplo e profundo, seria possível mostrar-se o desenvolvimento de certos temas, que apenas colocados pelo “O Livro dos Espíritos” vão ter a sua solução em obras posteriores. É o que se verifica, por exemplo, com as ligações do Cristianismo e o Espiritismo, que se definem completamente em “O Evangelho”, ou com o problema controvertido da origem do homem, que vai ter a sua explicação definitiva em “A Gênese”, ou ainda com as questões mediúnicas, solucionadas em “O Livro dos Médiuns”, e as teológicas e escriturísticas em “O Céu e o Inferno””.
“Convém notar, entretanto, que o desenvolvimento de todas essas questões não representa, em nenhum caso, a modificação dos princípios firmados neste livro. Às vezes, problemas apenas aflorados em “O Livro dos Espíritos” vão ser desenvolvidos de tal maneira em outras obras, que, ao lê-las, temos a impressão de encontrar novidades. A verdade, entretanto, é que neste livro eles já foram assinalados de maneira sintética. É o que ocorre, por exemplo, com o problema da evolução geral, definida por León Denis naquela frase célebre: “A alma dorme na pedra, sonha no vegetal, agita-se no animal e acorda no homem”. Veja-se, a este respeito, a definição do item 540 deste livro, (…)””.
(Este artigo foi compilado por M. A. Bergman, baseando-se inteiramente na magistral “Introdução ao Livro dos Espíritos” de autoria de J. Herculano Pires, em edição especial da LAKE, comemorativa do centenário do “O Livro dos Espíritos”, em 18 de abril de 1957.)
Perto de 600.000 ingressos vendidos, um número não alcançado desde 1995, com a diferença de que naquele tempo o cinema ainda era a opção de lazer mais procurada.
Incrível como um mineiro humilde, filho de família paupérrima, que em linguagem atual viveu uma infância “abaixo da linha da pobreza”; que estudou apenas até o quarto ano do chamado “grupo escolar”, que foi modesto serventuário do Estado, tenha alcançado tal notoriedade, a ponto de arrastar multidões para apreciar um filme sobre sua vida.
Sem dúvida, em boa parte essa notoriedade sustenta-se na prodigiosa mediunidade que fez de Chico autêntica máquina linotipo do Além, a produzir livros à mão cheia, como diria Castro Alves, com espantosas revelações sobre o mundo espiritual e o inter-relacionamento entre o “lado de lá” e o “lado de cá”, incluindo mensagens dos mortos aos entes queridos.
Mas, meu caro leitor, o que realmente fez de Chico Xavier uma das figuras mais ilustres do Brasil, eleito o mineiro do século passado, reverenciado pela população brasileira, foi sua figura humana, de autêntico discípulo do Cristo, a ensinar e exemplificar, o amor preconizado por Jesus, amor em plenitude, que se exprime no empenho de servir, vendo no Bem prestado ao próximo um estilo de vida, uma razão para viver.
Dizia Chico:
O Cristo não pediu muita coisa, não exigiu que escalássemos o Everest ou fizéssemos grandes sacrifícios.
Ele só pediu que nos amássemos uns aos outros.
Foi exatamente isso que ele fez a vida inteira – amou o próximo, distribuindo bênçãos de auxílio ao redor de seus passos, atendendo necessitados, confortando aflitos, solidarizando-se com os sofredores, estendendo a esperança aos desesperados…
Por isso, independente de credo religioso, as pessoas empolgam-se com seu Espírito resplandecente, porquanto o amor, quando realizado em plenitude por alguém, é um fenômeno espantoso, que comove, atrai, motiva e jamais se esquece!
Abençoado Chico Xavier!
***
Na contramão do amor, o mais execrável de todos os preconceitos – o religioso.
Chico o combateu sempre, com a excelência do exemplo. Multidões de adeptos de outras religiões, incluindo até gente sem religião, foram atendidas ao longo de seus 75 anos de labores mediúnicos, sem que Chico jamais lhes perguntasse a crença.
Lamentável nesse aspecto a postura de jogadores famosos do Santos Futebol Clube que, conforme foi largamente noticiado pela mídia, recusaram-se a descer do ônibus que os conduzia para visita a uma entidade filantrópica que acolhe crianças com deficiência física e mental, ao serem informados de que se tratava de uma instituição espírita.
A razão: sua religião não permitia.
Religião? Cristã?
Está faltando um Chico Xavier, ou uma Madre Teresa de Calcutá, ou um Albert Schwartzer em seitas que se dizem cristãs, mas não aprenderam o elementar – o amor ao próximo, incansavelmente ensinado e exemplificado por Jesus é daltônico, não tem cor religiosa.
Sou assinante dessa revista há muitos anos. Sempre a encarei como publicação séria, fonte de informações a oferecer subsídios para meu trabalho como escritor espírita, autor de 49 livros publicados.
Essa concepção caiu por terra ao ler, na edição de abril, infeliz reportagem sobre Francisco Cândido Xavier, pretensiosa e tendenciosa, objetivando, nas entrelinhas, denegrir e desvalorizar o trabalho do grande médium.
Isso pode ser constatado já na seção “Escuta”, com sua assinatura, em que V.S. pretende distinguir respeito de reverência, como se reverência não fosse o respeito profundo por alguém, em face de seus méritos.
Podemos e devemos reverenciar Chico Xavier, não por adesão de uma fé cega, mas pela constatação racional, lúcida, lógica, de que estamos diante de uma personalidade ímpar, que fez mais pelo bem da Humanidade do que mil edições de Superinteressante, uma revista situada como defensora do bom jornalismo, mas que fez aqui o que de pior existe na mídia – a apreciação superficial e tendenciosa a respeito de alguém ou de uma notícia, com todo respeito, como pretende seu editorial, como se fosse possível conciliar o certo com o errado, o boato com a realidade, o achincalhe com o respeito.
Para reflexão da repórter Gisela Blanco e redatores dessa revista que em momento algum aprofundaram o assunto e nem mesmo se deram ao trabalho de ler os principais livros psicografados pelo médium, sempre com abordagem superficial, pretendendo “explicar” o fenômeno Chico Xavier, aqui vão alguns aspectos para sua reflexão e – quem sabe? – um cuidado maior em futuras reportagens.
De onde a repórter tirou essa bobagem de que “toda essa história começou com as cartas dos mortos?”
Se as eliminarmos em nada se perderá a grandeza de Chico Xavier. A história começa bem antes disso, com a publicação, em 1932, do livro Parnaso de Além-Túmulo, quando o médium tinha apenas 22 anos.
A reportagem diz: “Ele dizia que não escolhia os espíritos a quem atenderia, só via fantasmas e ouvia vozes. Mas parecia ser o escolhido por celebridades do céu. Cruz e Souza, Olavo Bilac, Augusto dos Anjos e Castro Alves lhe ditaram versos e prosa.”
Afirmativa maliciosa, sugerindo o pastiche, a técnica de copiar estilo literário. O repórter não se deu ao trabalho de observar que no próprio Parnaso há, nas edições atuais, 58 poetas desencarnados, menos conhecidos e até desconhecidos, como José Duro, Alfredo Nora, Alma Eros, Amadeu, B.Lopes, Batista Cepelos, Luiz Pistarini, Valado Rosa… Poetas do Brasil e de Portugal que se identificam pelo seu estilo, em poesias personalíssimas enriquecidas por valores de espiritualidade.
Não sabe ou preferiu omitir a repórter que Chico psicografou poesias de centenas de poetas desencarnados, ao longo de seus 75 anos de apostolado, na maior parte poetas provincianos, conhecidos apenas nas cidades onde residiam no interior do Brasil. Pesquisadores constatam que esses poemas não são “razoavelmente fiéis ao estilo dos autores”. São totalmente fiéis.
Não tem a mínima noção de que a técnica do pastiche, a imitação de estilo literário, é extremamente difícil, quase impossível. Pastichadores conseguem imitar uma página, uma poesia de alguém, jamais toda uma obra ou as obras de centenas de autores.
Afirma que Chico foi autodidata e leitor voraz durante toda a vida, sempre insinuando o pastiche. Leitor voraz? Passava os dias lendo? Só quem não conhece sua biografia pode falar uma bobagem dessa natureza, já que Chico passava a maior parte de seu tempo atendendo pessoas, psicografando, participando de reuniões e atendendo à atividade profissional. Não conheço um único documentário, uma única foto mostrando Chico lendo “vorazmente”. Ah! Sim! Para a repórter Chico certamente escondia isso.
Fala também que Chico teria 500 livros em sua biblioteca e que “a lista inclui volumes de autores cujo espírito o teria procurado para escrever suas obras póstumas, como Castro Alves e Humberto de Campos”.
E as centenas de poetas e escritores que se manifestaram por seu intermédio. Chico tinha livros deles? E de poetas que sequer publicaram livros?
Quanto a Humberto de Campos, cuja família tentou receber na justiça os direitos autorais pelas obras psicografadas por Chico, o que seria ótimo acontecer, o reconhecimento oficial da manifestação dos Espíritos, esqueceu-se a repórter de informar que Agripino Grieco, o mais famoso crítico literário de seu tempo, recebeu uma mensagem do escritor, de quem era amigo. Reconheceu que o estilo era autenticamente de Humberto de Campos, mas que o fato para ele não tinha explicação, já que, como católico praticante, não admitia a possibilidade de manifestação dos espíritos.
Esqueceu ou ignora que Chico, médium psicógrafo mecânico, recebia duas mensagens simultaneamente, com ambas as mãos sendo usadas por dois espíritos. Desafio Superinteressante a encontrar um prestidigitador capaz de fazer algo semelhante.
Uma pérola de ignorância jornalística está na referência sobre materialização de Espíritos: “seria necessário produzir um total de energia duas vezes maior do que é hoje produzido pela hidroelétrica de Itaipu por ano, segundo os cálculos feitos por especialistas exibidos por reportagens sobre Chico nos anos 70.” Seria superinteressante a repórter ler sobre as pesquisas de Alfred Russel Wallace, Oliver Joseph Lodge, Lord Rayleigh, William James, William Crookes, Ernesto Bozzano, Cesare Lombroso, Alexej Akzacof e muitos outros cientistas respeitáveis que estudaram o fenômeno da materialização e o admitiram. Leia, também, sobre quem eram esses cientistas, para constatar que não agiam levianamente como está na revista.
A repórter reporta-se às reuniões mediúnicas das quais Chico participava como shows que o tornaram famoso e destila seu veneno. Cita o sobrinho de Chico que, dizendo-se médium, confessou que era tudo de sua cabeça, o mesmo acontecendo com o tio. Por que passar essa informação falsa, se o próprio sobrinho de Chico, notoriamente perturbado e alcoólatra, pediu desculpas pela sua mentira? Joga penas ao vento e espera que o leitor as recolha? Omitiu também a informação de que ele confessou que pessoas interessadas em denegrir o médium pagaram-lhe pela acusação.
Eram frequentes nas reuniões a ocorrência de fenômenos como a aspersão de perfumes no ambiente, algo que, deveria saber a repórter, costuma ocorrer com os médiuns de efeitos físicos. No entanto, recusando-se a colher informações mais detalhadas sobre o assunto, limitou-se a dizer que em 1971 um repórter da revista Realidade, José Hamilton Ribeiro, denunciou que viu um dos assessores de Chico Xavier levantar o paletó discretamente e borrifar perfume no ar. Sugere que havia mistificação, aliás, uma tônica na reportagem. Por que não foram consultadas outras pessoas, inclusive centenas que tiveram seus lenços inexplicavelmente encharcados de perfume ou a água que levavam para magnetizar, a exalar também um olor suave e desconhecido que perdurava por muitos dias?
Na questão das cartas, milhares e milhares de cartas de Espíritos que se comunicavam com os familiares, sugere a repórter que assessores de Chico conversavam com as pessoas, anotando informações para dar-lhes autenticidade. Lamentável mentira. E ainda que isso acontecesse, Chico precisaria ser um prodígio para ler rapidamente as informações e inseri-las no contexto de cada mensagem, de cada espírito, mistificando sempre.
E as mensagens dirigidas a pessoas ausentes? E os recados aos presentes? Não eram só mensagens. Eram incontáveis recados. A pessoa aproximava-se de Chico e ele, sem conhecer nada de sua vida, transmitia recados de familiares desencarnados, na condição de um ser interexistente, que vivia simultaneamente a vida física e a espiritual, em contato permanente com os Espíritos.
Lembro o caso de um homem inconformado com a morte de um filho. Ia toda noite deitar-se na sepultura do rapaz, querendo “ficar com ele”. Não contava a ninguém, nem mesmo aos familiares. Em Uberaba recebeu mensagem do filho pedindo-lhe que não fizesse isso, porquanto ele não estava lá.
Durante muitos anos Chico psicografou receituário mediúnico de homeopatia. Perto de 700 receitas numa noite. Ficava horas psicografando. E os medicamentos correspondiam à natureza do mal dos pacientes, sem que o médium deles tivesse o mínimo conhecimento. Na década de 70 tive uma uveíte no olho esquerdo. Compareci à reunião de receituário. Escrevi meu nome e idade numa folha de papel. Não conversei com ninguém. Após a reunião recebi a indicação de dois medicamentos. Tornando a Bauru, onde resido, verifiquei num livro de homeopatia que o dois medicamentos diziam respeito ao meu mal. Curaram-me.
Concebesse a repórter que, como dizia Shakespeare, há mais coisas entre a Terra e o Céu do que concebe nossa vã sabedoria, e não se atreveria a escrever sobre assuntos que desconhece, com o atrevimento da ignorância.
Outras “pérolas” da reportagem:
Oferece “explicações” lamentáveis para o fenômeno Chico Xavier.
Psicose, confundindo mediunidade com anormalidade.
Epilepsia, descarga elétrica que “poderia causar alheamento, sensação de ausência, automatismo psicomotor”, segundo a opinião de um médico. Descreve algo inerente ao processo mediúnico, que não tem nada a ver com desajuste mental, ou imagina-se que o contato com o Espírito comunicante não imponha uma alteração nos circuitos cerebrais, até para que ocorra a manifestação? E porventura o médico consultado sabe de algum paciente que produza textos mediúnicos durante a crise epilética?
Criptomnésia, memórias falsas, lembranças escondidas no subconsciente do médium, ao ouvir informações sobre o morto. Inconscientemente ele “arranjaria” essas informações para forjar a “manifestação”.
Telepatia. Aqui o médium captaria informações da cabeça dos consulentes e as fantasiaria como manifestação do morto. Como dizia Carlos Imabassahy, grande escritor espírita, inconsciente velhaco, porquanto sempre sugere que é um morto quem se manifesta, não ele próprio.
Informa a repórter que “acuado pelas críticas na Pedro Leopoldo de 15 mil habitantes, Chico resolveu fazer as malas e partir para Uberaba, um polo do Espiritismo onde contaria com um apoio de amigos”.
Mentira. Ele deixou Pedro Leopoldo, onde tinha muitos amigos, não por estar “acuado”, mas simplesmente seguindo uma orientação do Mundo Espiritual, em face de tarefas que desenvolveria em Uberaba que, então sim, com sua presença transformou-se em “polo do Espiritismo”.
Na famoso pinga-fogo a que Chico compareceu, em 1971, na TV Tupi, um marco na história das entrevistas televisivas, com uma quase totalidade de audiência, diz a repórter que Chico foi “bombardeado por perguntas. Mas se safou.” Bombardeado? Safou-se? O que foi essa entrevista, um libelo acusatório contra um mistificador? Se a repórter se desse ao trabalho de ver a entrevista toda, o que lhe faria muito bem, verificaria que o clima foi de cordialidade, de elevada espiritualidade, e que em nenhum momento os entrevistadores “bombardearam” Chico. E em nenhum momento ele deixou de responder as perguntas com a sobriedade e lisura de quem não está ali para safar-se, mas para ensinar algo de Espiritismo.
Falando da indústria (?) Chico Xavier, há um box sobre “Dieta do Chico Xavier”, que jamais seria veiculada por Chico. Usaram seu nome. Por que incluí-la nas inverdades sobre o médium, simplesmente para denegrir sua imagem, aqui sugerindo que seria ingênuo a ponto de conceber semelhante bobagem? Se eu divulgar via internet que Superinteressante recomenda o uso de cocô de galinha para deter a queda de cabelos, seria razoável que alguma revista concorrente citasse essa tolice, mencionando a suposta autoria, sem verificação prévia?
Falando dos 200 livros biográficos sobre Chico Xavier, a repórter escreve: “Tem até um de piadas, Rindo e Refletindo com Chico Xavier”. Certamente não leu o livro, porquanto não conhece nem o autor, eu mesmo, Richard Simonetti, nem sabe que não se trata de um livro de piadas, mas um livro de reflexão em torno de ensinamentos bem-humorados do médium.
Não fosse algo tão lamentável, tão séria essa agressão contra a figura respeitável e venerável de Chico Xavier, eu diria que essa reportagem, ela sim, senhor redator, foi uma piada de péssimo gosto!
Doravante porei “de molho” as informações dessa revista, sem o crédito que lhe concedia.
A repórter Gisela Branco esteve em Pedro Leopoldo e Uberaba com o propósito de situar Chico Xavier como figura mitológica. É uma pena! Não teve a sensibilidade nem o discernimento para descobrir o médium Chico Xavier, cuja contribuição em favor do progresso e bem estar dos homens foi tão marcante que, a exemplo do que disse Einstein sobre Mahatma Gandhi, “as gerações futuras terão dificuldade para conceber que um homem assim, em carne e osso, transitou pela Terra.”
E deveria saber que não vemos Chico Xavier como um mártir, conforme sugere. Não morreu pelo Espiritismo. Viveu como espírita. E se algo se aproxima de um martírio em seu apostolado, certamente foi o de suportar tolices e aleivosidades como aquelas presentes na citada reportagem.
Finalizando, um ditado Zen para reflexão dos redatores da Super:
Vivi a feliz oportunidade de proferir a palestra de abertura do Mês Espírita de Limeira, no interior de São Paulo. Reencontrar amigos queridos e sentir o ambiente elevado e alegre da família espírita unida nos propósitos de divulgação do Espiritismo já é, por si só, motivo de intensa felicidade. Porém, uma experiência nova me aguardava.
Ao adentrar o recinto, deparei-me com embrulhos atraentes colocados em algumas cadeiras do grande auditório. Achei que fossem cadeiras deixadas reservadas por alguém que se ausentou por algum motivo.
Eu levava comigo uma dezena de exemplares de O Evangelho Segundo o Espiritismo para distribuição gratuita ao público, motivado pela sugestão de um dos personagens do livro O Abridor de latas, de Wilson Frungilo Jr., editado pelo IDE de Araras. No citado livro um dos personagens sugere que nós, os espíritas, passemos a esquecer o Evangelho. Não os ensinos, mas exemplares do referido livro em diferentes lugares onde possamos estar. E sugere ainda que possamos adquirir exemplares do citado livro para essa providência muito fácil e salutar, pois que os Benfeitores Espirituais se encarregarão de fazer chegar os ensinos confortadores e luminosos da preciosa obra a pessoas angustiadas, desesperadas ou em busca de respostas para seus desafios existenciais, a fim de que igualmente se beneficiem e se esclarecem sobre os inumeráveis questionamentos existenciais. Especialmente se nos referirmos ao capítulo V – Bem Aventurados os aflitos, de extremo conforto ao coração humano. A sugestão abriu em minha mente o mesmo procedimento com as demais obras da Codificação, o que tenho feito dentro das possibilidades e sugerido publicamente nas palestras aos demais amigos de ideal.
Qual não foi minha surpresa, na abertura do evento, quando foi anunciado que aqueles embrulhos nos assentos eram presentes para cada pessoa que ali comparecia.
Eram exemplares de O Livro dos Espíritos, gratuitamente distribuído aos participantes!
Aí, durante a palestra, não tive dúvidas. Durante a dinâmica de distribuição dos exemplares de O Evangelho Segundo o Espiritismo, tomei a liberdade de sugerir ao público, imaginando que a maioria ali presente já possuísse um exemplar de O Livro dos Espíritos em sua casa, na estante, para que “esquecesse” o presente da noite em algum lugar que pudessem estar presente, como cinemas, shoppings, consultórios, filas, padarias, ônibus, etc, para que esses luminosos livros alcancem outras pessoas, outras mentes que buscam respostas e ainda não tiveram a oportunidade que já detemos.
A feliz idéia contida no romance acima citado pode ser estendida para mensagens, jornais e revistas. É muito grave acumular-se mensagens avulsas, jornais, revistas e publicações espíritas sem circulação, cujo conteúdo pode promover grande ajuda atendendo as angústias e sede de saber de tantas pessoas que ainda não tiveram as oportunidades que já temos de conhecimento. Livros e mensagens, publicações e folhetos devem circular, pois somente assim cumprem seu papel e seu dever.
Sejamos nós, pois, os “esquecedores” dessas dádivas escritas, sejam livros ou simples folheto avulso, jornais e revistas, evitando acúmulos inúteis em nossas estantes e instituições. Circulando tais textos, estamos colaborando com a divulgação espírita.
Mas a história de Limeira ainda não terminou. Após a palestra fui surpreendido com duas caixas, contendo em torno de 160 exemplares, de O Evangelho Segundo o Espiritismo, para distribuir em palestras visando que todos nós possamos continuar “esquecendo” o Evangelho…
Incrível como as ideias brotam e se multiplicam, sob ação de espíritos e espíritas… Integremos esse exército de divulgação nesse momento histórico da humanidade, onde o conhecimento espírita está fazendo toda a diferença.
Para escrever sobre este homem, minha incapacidade é tamanha que lanço mão de palavras e frases lidas e ouvidas aqui ou acolá.
Tento. Escrevo e apago. Rabisco e risco. Arrisco-me. Nem assim me é fácil expressar o que gostaria de dizer. Mas se você esteve com ele por alguns minutos, ainda que tenha sido uma única vez, não terá dificuldade em entender o que tanto quero dizer e não consigo.
Que homem é este que:
doente, deu saúde a um incontável número de pessoas;
pobre de bens materiais, consolou numerosos ricos;
rico de bens espirituais, jamais esqueceu dos pobres;
sem poder humano, orientou e consolou poderosos;
sem dinheiro, enriqueceu o século em que nasceu;
sem títulos acadêmicos, apenas com o quarto ano primário, foi co-autor de verdadeira enciclopédia, versando os mais variados temas sobre Ciência, Filosofia e Religião;
apagando-se, iluminou nossos caminhos.
De sua boca jamais se ouviu uma palavra de pessimismo, ódio, condenação ou revolta. Sua vida foi toda dedicada para que “a fé se elevasse, a esperança crescesse, a bondade se expandisse e o amor triunfasse sobre todas as causas”.
Que homem é este que, apesar dos sofrimentos que experimentou em toda a vida, ainda consegue:
sorrir além do consaço;
servir apesar das doenças;
sofrer sem reclamar;
fazer o bem aos que lhe fazem mal;
orar pelos que o perseguem e caluniam;
ajudar desinteressadamente;
conversar com os animais;
amar todos os seres;
publicar quatrocentos e dez livros, com vinte milhões de exemplares vendidos*, sem nunca receber um centavo de direitos autorais.
Que homem é este que, há muitos anos, capa e assunto das principais revistas e jornais do país, nunca perdeu a simplicidade?
Que homem é este que, após alguns anos retido em sua casa por doenças graves, bastou a simples notícia de que havia voltado a atender para que milhares de pessoas acorressem à cidade onde mora, simplesmente para vê-lo?
Que homem é este que resistiu oitenta e nove anos** de massacre com a mesma paciência e serenidade dos primeiros seguidores de Jesus?
Que nunca se cansa de fazer o bem?
Nunca perguntei a este homem se ele é feliz, mas deve ser, porque faz a vontade de Deus.
Ele tem um jeito manso de falar, um olhar límpido como um céu sem nuvens, um sorriso franco de quem é autêntico…
Este homem não consegue mais falar sobre o Cristo sem se emocionar até as lágrimas.
Seu nome é Chico, o nosso Chico, um homem feito só de amor.
Seu nome é Chico, Chico Xavier, a paz que todo mundo quer.
Livro: Momentos Com Chico Xavier
Adelino da Silveira
Grupo Espírita da Paz
Notas de Fernando Peron (março de 2010):
(*) – Atualmente, o número já ultrapassou os 450 títulos, totalizando 50 milhões de exemplares vendidos apenas em Língua Portuguesa.
(**) – A presente obra foi lançada em 1999, quando Chico Xavier estava com 89 anos de idade.