ENTREVISTA PARA ISMAEL GOBBO AO
NOTICIAS DO MOVIMENTO ESPÍRITA
A entrevistada Deusa Samu, reside na cidade de São Paulo, onde trabalha em clinica de psicologia e em hospitais. É autora de três livros e, como espírita, freqüenta o Centro Espírita Seara Bendita onde atua em diversos setores. Deusa, uma excelente oradora, proferiu mais de mil palestras pelo Estado de São Paulo.
Deusa poderia nos fazer sua apresentação?
Nasci no Piauí, na cidade de Piripiri que é o nome de um capim utilizado para alimentar gado. Meu pai bem rígido por ser militar nos educou tendo como regime esse parâmetro. Éramos católicos e íamos à missa sempre, aliás, era nosso único passeio já que a cidade não tinha muito a oferecer. Fiz catecismo, primeira comunhão e crisma. Fui catequista bem cedo porque me destacava na oratória junto aos colegas. Tenho duas irmãs e um irmão que é evangélico. Fui casada 20 anos e tive três filhos: Rodolfo, Rafael, este já desencarnado, e Paulo que atende pelo apelido de Ném.
Qual a sua formação acadêmica e profissional?
Tenho formação em psicologia com especialização nas áreas de hospitalar, luto e UTIs. Possuo licenciatura em Antropologia, Sociologia e Filosofia. Estou pós graduada em Tanatologia (educação para a morte) pela USP. Trabalho há 10 anos atuando na Clínica e em hospitais. Escrevi e lancei no mercado 3 livros: “Almas no divã”, “Casos pensados” e “Falo, logo me liberto”. Ministro palestras em instituições em geral.
Como conheceu o Espiritismo e desde quando é Espírita?
Conheci o Espiritismo através de uma amiga que muito me ajudou num momento muito difícil da minha vida e passei a estudar a Doutrina desde então.
Poderia nos descrever sua trajetória de atuação no Movimento Espírita?
Fiz todos os cursos indicados pela Federação (Básico, Educação mediúnica, Educação evangélica, Especialização para expositor de ensino e de evangelho, Orientador espírita para atendimento fraterno). Já são 26 anos de atuação. Ministrei mais de mil palestras pelo estado de São Paulo.
A que casa espírita está vinculada presentemente e quais atividades que desenvolve?
Estou vinculada à Seara Bendita, na qual trabalho ministrando cursos na Área de Ensino (sábados à noite), palestras na Área de Assistência Espiritual (quartas à noite) e faço parte da equipe de coordenação da Reunião de Pais (sábados à tarde). Nosso Centro conta hoje com 5.300 alunos inscritos nos cursos que oferecemos. Passam pela nossa Assistência Espiritual (passes) 3.200 assistidos por semana.
Como tem aplicado seus conhecimentos espíritas em sua profissão?
Sempre trabalhei tendo como referência fundamental que à minha frente no setting terapêutico está um Espírito que traz consigo uma bagagem anterior, que tem uma tarefa definida neste planeta e que caminha para a Luz. E isso faz toda a diferença. Procuro sempre aplicar a máxima do Cristo “faça ao outro aquilo que quer para você”
Quais os assuntos que aborda em suas palestras e seminários?
Qualquer passagem evangélica sempre aliando meus conhecimentos intelectuais/acadêmicos adicionados à experiência diária. Porém os assuntos de maior demanda são sempre aqueles relacionados à família, nos quais contemplo a maternidade e paternidade como missão conforme duas perguntas de “O livro dos espíritos”, as de números 208 e 582.
Você tem feito estudos sobre EQM com pacientes?
Não. Tenho estudado muito esse assunto. Participei de vários congressos e tenho como referência Raymond Mood, Melvin Morse, Ian Stevenson e Keneth Ring
Poderia nos relatar algum caso que reputa interessante?
Sim. Esse relato consta do meu primeiro livro “Almas no divã”. Era carnaval, eu passava visita na UTI e um colega médico me alertou que seria desnecessário passar no leito 323 por tratar-se de um “DF” (diagnóstico fechado, não há o que fazer). Eu ignorei completamente a fala do colega e fiz o atendimento normalmente apesar da pessoa daquele leito não ter dado nenhum sinal. Fui para a folga e quando retornei na quarta feira de cinzas a enfermeira chefe da UTI me recebeu com espanto dizendo que a “DF” havia voltado. Fui passar a visita e ao me identificar, a paciente disse que sabia quem eu era, que havia ouvido tudo que eu dissera quando ela estava no coma e que queria que eu explicasse o que significava “DF”. Eu a abracei e disse rindo que “DEUS É FENOMENAL”.
Que recomendação faz quando percebe que o paciente está sendo vitimado por uma obsessão? Indica, por exemplo, um tratamento espiritual?
Normalmente pergunto se o paciente professa alguma religião e, nesse sentido, o oriento a buscar acolhimento espiritual na sua igreja porque os bons espíritos quando evocados se fazem presentes sempre.
Como tem enxergado a relação entre pais e filhos?
Os pais andam desorientados e necessitam buscar conhecimentos na área da psicologia do desenvolvimento e faz-se imprescindível conceber Deus de alguma maneira visando a evolução dos espíritos que estão filhos carecendo de referências bem consolidadas moralmente.
Os limites precisam ser observados?
Sim. Como disse André Luiz “Se não acreditas em disciplina, observa um carro sem freios.” Urge que sejamos faróis nas vidas dos nossos filhos apontando o caminho da evolução sempre no bem.
E quando eles não são aceitos como devem agir os pais?
Quando eles são colocados desde tenra idade, dificilmente serão contestados. Por outro lado, devemos considerar que nossos filhos são espíritos, os seres inteligentes do Universo, portanto funcionam como alavancas para revermos nossos próprios paradigmas e aprendermos sempre juntos.